ATA DO PROCESSO DE JULGAMENTO DO CONCURSO NACIONAL DE IDÉIAS PARA O PLANO DE REORDENAMENTO GERAL E PROJETOS ARQUITETÔNICOS URBANÍSTICOS E PAISAGÍSTICOS PARA A AVENIDA BEIRA-MAR EM FORTALEZA
INTRODUÇÃO - Um dos temas de mais significância na questão dos centros urbanos, em todo o mundo, é a requalificação de áreas urbanas. Algumas das importantes intervenções deram-se em orlas, de beira mar ou junto aos rios urbanos, como as docas de Londres, o Battery City Park em NY e um dos primeiros, o nosso Aterro do Flamengo, da década de 60 do século XX. Fortaleza tem na sua orla um de seus lugares de mais significação, tanto pelos seus aspectos históricos e de paisagens, como de sua apropriação pela população local e por se configurar como principal recurso turístico da cidade. Com estas considerações podemos ponderar a importância deste concurso, em que se configura uma confirmação da valorização da profissão do arquiteto como figura de proa na lida com as questões com a paisagem urbana.
MEMÓRIA - Nos dias dez, onze e doze de Dezembro do ano de dois mil e nove, esteve reunida no Salão Sardenha do Praiano Hotel, em Fortaleza, Ceará, a Comissão Julgadora do Concurso Nacional de Idéias para o “Plano de Reordenamento Geral e Projetos Arquitetônicos Urbanísticos e Paisagísticos para a Avenida Beira-Mar em Fortaleza”, promovido pela Prefeitura Municipal de Fortaleza em parceria com o Instituto de Arquitetos do Brasil/Departamento do Ceará. A Comissão Julgadora do concurso foi composta pelos arquitetos: Débora Sales, Fábio Penteado, Lia Parente, Matheus Gorovitz, Roberto Castelo, Rommel Ramalho e Rosa Grena Kliass. No dia dez de Dezembro, quinta-feira, deu-se início aos trabalhos às nove horas da manhã com a leitura do Edital e Termo de Referência do Concurso, com as devidas explanações e contextualizações. Em seguida foi eleita por unanimidade como Presidente do Júri a Arquiteta Rosa Grena Kliass e como Secretária, a Arquiteta Débora Sales. Às onze horas da manhã deu-se início a análise dos vinte e dois projetos participantes do concurso. Visto que o projeto de número 5 (cinco) continha a identificação de seus autores, contradizendo o previsto no edital, este foi eliminado sumariamente. No período da tarde, às quinze horas e quarenta minutos, cada um dos jurados informou à Presidente da Comissão Julgadora os projetos que de seu ponto de vista não atendiam com a devida qualidade aos requisitos do Edital e Termo de Referência. Foram eliminados desta feita os projetos de números 7 (sete), 8 (oito) e 17 (dezessete). Às dezessete horas do dia dez foi encerrado o primeiro dia de trabalho. No dia onze de Dezembro, sexta-feira, às nove horas, a Comissão Julgadora retomou os trabalhos de análise dos projetos concorrentes, realizando no fim da manhã uma nova sessão de análise, quando permaneceram para novo debate e análise classificatória os projetos de número 12 (doze), 18 (dezoito) e 20 (vinte), tendo sido todos os demais eliminados. Às quatorze horas e trinta minutos do mesmo dia, a Comissão Julgadora passou a debater cada um dos três projetos selecionados, com a finalidade de classificá-los. Às quinze horas e trinta minutos a Comissão Julgadora chegou ao consenso acerca da devida classificação, julgando merecedores de prêmios o projeto de número 20 (vinte) para Primeiro Prêmio, o de número 18 (dezoito) para Segundo Prêmio e o de número 12 (doze) para Terceiro Prêmio.
SOBRE O JULGAMENTO - Em suas deliberações, o júri considerou a integridade das propostas, a coerência indispensável entre o discurso e o projeto, a identificação das principais áreas de intervenção e suas relações com as áreas adjacentes e o conjunto paisagístico no seu todo, notadamente da relação com o tecido urbano, a salvaguarda e o tratamento conferido às visuais, a conveniência da disposição e tratamento dos diferentes equipamentos. O júri, em razão do exposto e da análise criteriosa dos diversos trabalhos, resolveu por unanimidade considerar o trabalho de número 20 (vinte) como o vencedor do concurso (Primeiro Prêmio). Neste trabalho prevalecem os acertos em relação aos aspectos questionáveis da solução adotada para a área. Evidencia o claro domínio sobre as questões e as articulações das soluções encontradas com a área circunvizinha, tratadas com sensibilidade e inteligência. Considerações sobre o primeiro classificado:
a) A solução proposta para a feira, desde que considerada permanente – como recomenda o edital – em sua configuração consolida a ocupação atual, enriquecida pelas aberturas das visuais, graças aos espaços intersticiais e a escala. A arquitetura singela contempla a proteção indispensável aos boxes;
b) No caso da solução preconizada para a comercialização do peixe, embora não comprometa a qualidade da intervenção, o júri entende que o impacto provocado pela edificação poderia ser minimizado subordinando a arquitetura à paisagem, e ao caráter informal das atividades;
c) O júri recomenda à conveniência da desobstrução das visuais relocando as áreas de estacionamentos e a supressão dos depósitos da feira, desnecessários, uma vez sendo a feira fixa;
d) A recomendação acima acerca das áreas de estacionamento apóia-se inclusive na proposição do transporte pendular existente no projeto, evidenciando a inconveniência de estimular o fluxo de veículos;
e) O júri observa a oportunidade de preservar a bela vista do anfiteatro comprometida pelo passeio proposto junto à praia.
O júri deliberou contemplar o projeto de número 18 (dezoito) com o Segundo Prêmio. O projeto trata de modo cuidadoso e criativo os itens do edital, entretanto a integridade do conjunto fica comprometida pela proposta arquitetônica da feira com a presença por demais impactante, incompatível com a escala adequada no que se refere à paisagem, com a natureza da atividade e a tradição consolidada pelo uso.
O projeto de número 12 (doze) foi contemplado com o Terceiro Prêmio. Foi apreciado pela definição de um partido plástico regido por comodulação. Considerando este artifício capaz de garantir caráter sistêmico à composição plástica e à unidade do conjunto. Entretanto o potencial de flexibilidade sugerido pela malha não foi explorado, deixando de conferir a necessária diversidade em consideração às peculiaridades do programa.
No dia doze de Dezembro do ano de dois mil e nove, eu, Débora Sales, Secretária, redigi a presente Ata, por mim assinada e pelos demais membros da Comissão Julgadora.
Arq. Débora Sales - Secretária
Arq. Rosa Grena Kliass - Presidente da Comissão Julgadora
Arq. Fábio Penteado
Arq. Lia Parente
Arq. Matheus Gorovitz
Arq. Roberto Castelo
Arq. Rommel Ramalho
O que entendi dessa ATA foi:
ResponderExcluirO 2o lugar é ótimo, mas tem uma feirinha que não tá legal.
O 1o lugar tem uma feirinha legal, mas tem um monte de coisas que não estão ótimas, inclusive contradizendo o edital, mas podem mudá-las!
Pergunto: Era concurso de uma Beira Mar ou de uma Feirinha?
Outro Anônimo diz....
ResponderExcluirA respeito das "cosiderações" do juri
a) "A solução proposta para a feira, desde que considerada permanente – como recomenda o edital – em sua configuração consolida a ocupação atual"
...Ou seja,a feirinha que existe hoje é perfeita!
O júri realmente foi profundo em sua analise...
b) "No caso da solução preconizada para a comercialização do peixe, embora não comprometa a qualidade da intervenção, o júri entende que o impacto provocado pela edificação poderia ser minimizado subordinando a arquitetura à paisagem, e ao caráter informal das atividades"
MUITO CLARO!!O júri não gostou do mercado dos peixes!!!
c) "O júri recomenda à conveniência da desobstrução das visuais relocando as áreas de estacionamentos e a supressão dos depósitos da feira, desnecessários, uma vez sendo a feira fixa"
MUITO CLARO NOVAMENTE!!!...O Júri também não gostou da solução dos estacionamentos!!!
d) "A recomendação acima acerca das áreas de estacionamento apóia-se inclusive na proposição do transporte pendular existente no projeto, evidenciando a inconveniência de estimular o fluxo de veículos"
...O júri obviamente TAMBÉM nao gostou do novo trenzinho da beira mar...
e) "O júri observa a oportunidade de preservar a bela vista do anfiteatro comprometida pelo passeio proposto junto à praia"
Uma pena, do anfiteatro eu gostei...mas o júri não...
CONCLUSÃO
Em algum lugar do edital do concurso deveria estar escrito em letras garrafais,que o trabalho vencedor seria aquele que apresentasse o maior número de erros no ponto de vista deles. Em que página mesmo isto estava escrito?????
Concordo com o colega, o segundo era melhor..alias o terceiro,quarto,quinto,etc....
INFELIZMENTE MAIS UM CONCURSO QUE SE TEM A IMPRESSÃO DA EXISTÊNCIA DAQUELA MÃOZINHA DIVINA DIRECIONANDO RESULTADOS.
ResponderExcluirUMA VERGONHA PARA A CLASSE DOS ARQUITETOS QUE ACABAM RIDICULARIZADOS ATÉ MESMO PELOS POPULARES QUE SE ENCONTRAVAM NA SOLENIDADE DE PREMIAÇÃO.
ERA NOTÓRIA A SUPERIORIDADE DA OUTRA PROPOSTA.
FICA AQUI MINHA INDIGNÇÃO.
A MINHA TB,POIS MINHA EQUIPE DESISTIU UM MÊS ANTES DA ENTREGA POR CONTA DO "BOATO" QUE O VENCEDOR DO CONCUROS JÁ ESTAVA ESCOLHIDO...PIOR O NOME JÁ SE SABIA, FAUSTO NILO...AINDA NÃO QUERO ACREDITA NESSE TIPO DE BOATO,MAS FICA CADA VEZ MAIS DIFICIL.....
ResponderExcluirFato, o melhor projeto não venceu. Cartas marcadas é a dúvida que fica.
ResponderExcluirFora isso, a consequência quem sofre é a população e a paisagem da nossa cidade.
Infelizmente passo a não acreditar mais em concursos em Fortaleza.
Há considerações e considerações, meus carissimos debatedores, só que um concurso de idéias de urbanismo não é uma ação entre amigos que um juri deveria referendar.
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