O Prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira (PTD), sabia que a comunidade do Morro do Bumba, em Viçoso Jardim, na zona norte da cidade, havia sido construída sobre um antigo lixão. Cerca de 3 mil moradores do Morro do Bumba ficarm sesabrigados após o deslizamento de terra que atingiu o local na noite de quarta-feira (7). Pelo menos 107 pessoas morreram e os bombeiros procuram outros corpos que podem estar soterrados.
“A gente sabia que o lixão estava desativado há 30 anos. Quando eu assumi pela primeira vez, já havia um início de ocupação. A região é muito pobre e as informações que eu tinha eram de que aquele aterro era muito antigo e não representava nenhum risco”, disse o prefeito. Esta é terceira vez que Silveira ocupa a Prefeitura de Niterói (o quarto mandato, contando uma reeleição).
A primeira foi entre 1989 e 1992, a segunda de 1997 até 2002 (ele foi reeleito em 2000 e deixou o cargo dois anos depois para se candidatar ao Governo do Rio), a terceira teve início em janeiro de 2009. O PDT administrou a cidade 15 dos últimos 21 anos. Sobre a retirada dos moradores, Silveira afirmou que não tinha conhecimento do tamanho do risco. “As pessoas dizem assim: ‘deviam ter removido as pessoas, mas quem fala isso não conhece o real Brasil hoje. Eu, realmente, não tinha conhecimento que havia esse risco todo. Se eu soubesse, evidentemente, teria providenciado isso”, afirmou.
A Prefeitura de Niterói tinha em seu poder, desde 2004, pelo menos dois estudos produzidos pela UFF/ Universidade Federal Fluminense que alertavam sobre os riscos da ocupação desordenada da cidade e de deslizamento nas encostas do município. As pesquisas foram elaboradas pelos departamentos de Geociência, de Arquitetura e de Engenharia Civil da UFF, que fica em Niterói.
O estudo mais recente, concluído em 2007, apontou 142 pontos de risco em 11 regiões da cidade. De acordo com o coordenador da pesquisa, o professor do Departamento de Engenharia Civil da UFF e doutor em Recursos Hídricos, Elson Antonio do Nascimento, os desmoronamentos ocorreram em cinco das áreas apontadas pela pesquisa, que teve o apoio do Ministério das Cidades.
"O plano seguiu a metodologia do ministério, que dá prioridade sempre a soluções mais simples e econômicas. Para drenagem, as obras sugeridas custariam em torno de R$ 20 milhões. Para estabilização das encostas, R$ 19 milhões. As obras de emergência levariam dois anos para ser concluídas e o plano poderia ser finalizado em cinco anos", explicou Nascimento.
Segundo Nascimento, o então prefeito Godofredo Pinto (PT) preferiu não aplicar o plano "por discordar da metodologia". (Pinto foi vice-prefeito de 2000 até 2002 e assumiu o cargo com a saída de Silveira; foi reeleito em 2004). Em junho de 2004, o Instituto de Geociências entregou à Prefeitura um outro mapeamento com todas as áreas de risco de Niterói. No documento, o Morro do Bumba era apontado como uma região de "extremo risco", onde facilmente poderiam ocorrer deslizamentos pelo fluxo de detritos acumulados no solo.
"Fizemos o estudo com uma equipe multidisciplinar e realizamos a análise geológica e o estudo da cobertura vegetal. Podemos afirmar que a degradação do lixo foi o motor do deslizamento", disse o professor e geólogo Adalberto da Silva, que participou do estudo. Niterói teve o maior número de vítimas fatais no Estado. Segundo o Corpo de Bombeiros, já são 107 mortos. O Prefeito decretou estado de calamidade pública e luto oficial de uma semana.
O Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), visitou morro na tarde de quinta-feira. “Foi uma tragédia de dimensão brutal. Eu fiquei muito impressionado e as informações não são de boa perspectiva. A dimensão é de uma catástrofe humana e ambiental”, declarou. O deslizamento pode ter sido provocado pela explosão de gás metano em decomposição no solo do local, segundo a secretária estadual do Ambiente do Rio de Janeiro, Marilene Ramos.
Fonte: Brasil Notícias/ Época
Fonte: Brasil Notícias/ Época
Comentário da postagem: ausencia de planejamento urbano, determinação diretrizes equivocadas de desenvolvimento que privilegiam as grandes obras de impacto ou viárias em detrimento da demandas de qualificação urbana, não existencia de restrições e prevenção às ocupações em áreas de risco ambiental, carencia de saneamento ambiental e sistemas de drenagem urbana, inexistencia de propostas redesenho à situações de ocupação espontanea e equivocada politica de habitação social que repete a exaustão um modelo não adequado como o Programa Minha Casa Minha Vida, são itens da realidade urbana em todas as grandes e médias cidades brasileiras, no presente, onde podem acontecer tragédias assemelhadas ao Morro do Bumba, de Niterói.
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