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quarta-feira, 30 de março de 2011

Da coluna Política - jornal O Povo

A CIDADE SEM GUETOS
Aos 81 anos, o arquiteto Richard Rogers se tornou referência mundial ao assinar o projeto do Centro Georges Pompidou, em Paris. Diz-se que é um arquiteto de esquerda. Talvez por defender as cidades sem guetos para ricos ou pobres. Rogers vê as cidades como espaços das diferenças que convivem e se completam. Ontem, a Folha de S.Paulo publicou uma ótima entrevista do arquiteto. Sua ótica nos serve. Serve para Fortaleza. Serve para qualquer grande cidade do mundo. Infelizmente, o debate sobre Fortaleza permanece muito pobre. Então, muito vale à pena a leitura de alguns trechos da entrevista feita pelo jornalista Mario Cesar Carvalho. Para começar, o ponto que move a visão de Rodgers: “O problema é como distribuir os benefícios da cidade, como fazer os ricos ficarem mais próximos das favelas e como fazer a favela ficar mais perto dos ricos. Essa mistura é essencial para integrar esses dois mundos”.

A CIDADE INTEGRADA
É possível integrar mundos tão separados? Rodgers diz que a integração é a única solução para as cidades. “Em Londres, não temos favelas. Mas temos pessoas vivendo em habitações sociais, subsidiadas pelo governo. São prédios privados, nos quais o governo pode colocar pessoas pobres na porta ao lado de alguém muito rico. Uma área só para ricos contraria a ideia de cidade”... “O sistema londrino obriga bairros ricos a terem habitações sociais. Esse tipo de sistema já é aplicado na Holanda, na Dinamarca e na Suécia. É preciso criar leis para ter integração. O problema de pobres e ricos no Brasil é igual ao que existia entre brancos e negros nos EUA. Cidades não podem ter guetos, seja para negros ou pobres”.

DIREITO AO ESPAÇO PÚBLICO
Sobre transporte e espaços públicos: “Precisa ter metrô e ônibus de alta qualidade. É inacreditável que em São Paulo as pessoas aceitem andar de carro a dez quilômetros por hora. A pé é mais rápido. É preciso cobrar mais impostos de carros para melhorar o transporte público... Cingapura, como Curitiba, é um bom modelo. Lá, os impostos de carros são altíssimos e há pedágio no centro. É preciso restringir carros para ter mais espaço público. Espaço público é a principal razão para as pessoas gostarem de viver em cidades... Precisa ter parques em todos os distritos... Um dos segredos é controlar as forças do mercado... Ajudei Tony Blair a preparar um plano para as cidades governadas pelo Partido Trabalhista. O plano dizia que as pessoas têm direito a espaços públicos, assim como têm direito a água. Que as cidades devem ter leis que obriguem bairros ricos a ter habitações sociais. E têm de limitar os carros no centro”. Comentário: nossa democracia estará em padrão superior quando as questões acima se tornarem comuns ao debate eleitoral.

Fábio Campos

FONTE: O Povo

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