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quarta-feira, 22 de julho de 2015

Morre Luiz Paulo Conde, arquiteto e ex-prefeito do Rio de Janeiro






O arquiteto também foi presidente do IAB e secretário municipal de Urbanismo do Rio

Luiz Paulo Conde faleceu na madrugada de hoje (21/07/2015), no Hospital Samaritano, em Botafogo. O arquiteto, ex-prefeito do Rio de Janeiro, ex-presidente do IAB em dois mandatos, ex-secretário municipal de Urbanismo e professor titular da UFRJ, lutava contra um câncer de próstata.

Conde se graduou pela Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil. Foi o idealizador de projetos transformadores no Rio, como o Rio-Cidade, o Favela-Bairro e a construção da Linha Amarela. Entre os projetos arquitetônicos importantes, estão o campus da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e as 50 escolas e centros de treinamentos poliesportivos para o governo Carlos Lacerda, além das escolas da Fundação Bradesco. Venceu, em 1963, prêmios do IAB-RJ e ganhou, ao longo da carreira, diversos prêmios internacionais, como o Vitruvio 96, da Argentina. Publicou, entre outros textos, o livro “Luiz Carlos Conde, um arquiteto carioca”, como parte de uma coleção editada pela Universidade de Los Andes, na Colômbia.

O CAU/BR e o Instituto de Arquitetos do Brasil manifestaram profundo pesar pela morte do arquiteto e prestam condolências à família. O corpo será velado a partir das 18h dessa terçano Palácio da Cidade. O enterro ocorre amanhã, no Cemitério São João Batista, às 12h. O IAB publicará em alguns instantes novas informações sobre a história de Luiz Paulo Conde.

Para Haroldo Pinheiro, presidente do CAU/BR, “perdemos hoje a convivência com uma liderança forte, daquelas verdadeiramente referenciais para a arquitetura brasileira. A vida profissional do Luiz Paulo Conde foi completa: arquiteto e urbanista talentoso e professor destacado, ainda dedicou boa parte de seu tempo ao trabalho voluntário no Instituto de Arquitetos do Brasil. Como gestor público, pôs em prática o que defendia quando presidente do IAB/RJ, ao realizar dois dos mais importantes e bem sucedidos concursos de arquitetura e urbanismo do Brasil: o “Rio-Cidade” e o “Favela-Bairro”. Fez tanto, pela Cultura e pelo País, e soube repartir seus conhecimentos generosamente, nas tantas publicações que realizou. É merecedor de nosso sincero reconhecimento e de nossas melhores homenagens”.

“Para mim, é difícil falar sobre o Conde porque fui um grande amigo e admirador dele. Conde foi um arquiteto de extrema qualidade, companheiro, um político que surpreendeu pelo amor que tinha ao Rio, pelo conhecimento que tinha das questões urbanas”, afirmou Sérgio Magalhães, presidente do IAB. “Ele era um conhecedor das dificuldades humanas e das esperanças. Não há dúvidas de que ele deixou um legado importantíssimo para o Rio. Talvez o mais importante seja um legado que não se materializa em obras, mas em um tempo em que se mudou a expectativa do carioca em relação a sua cidade. Durante o tempo dele como secretário de urbanismo, na gestão de Cesar Maia, e depois com ele próprio como prefeito, a cidade do Rio passou a se ver de outro modo. O espaço público passou a ter mais atenção. Os principais bairros foram recuperados. Tive a honra e o prazer de trabalhar junto com ele. Conde enfrentou a urbanização das favelas, como o Favela Bairro, criou um plano estratégico e foi um valente na implantação da Linha Amarela. Ele conseguiu coordenar uma equipe de técnicos que modificou a administração pública do Rio de Janeiro.” .

Em entrevista ao jornal “O Globo”, Sérgio Magalhães complementou: “Ele era um apaixonado pela arquitetura e pelo Rio. E não media esforços por estas duas paixões. Logo no começo da concepção do projeto Rio Cidade, quando ele era secretário de urbanismo e eu de Habitação, Conde nos surpreendeu um dia ao voltar de uma reunião com então prefeito Cesar Maia. Tínhamos conversado em implantar o projeto em três bairros e ele chegou dizendo: “Três é pouco, vamos fazer em 15 bairros”. O projeto acabou sendo implantados em cerca de 30 bairros. Para o Conde, não se tratava de fazer uma experiência, mas de provocar uma mudança na cidade”.

“Em sua vida pública, Conde deixou uma marca na cidade, ao idealizar reformas urbanas e criar mecanismos de valorização do projeto. Conferiu dessa forma grande visibilidade a Arquitetura e o Urbanismo”, avalia o presidente do CAU/RJ, Jerônimo de Moraes, que o conheceu ainda estudante na FAU/UFRJ, no final de década de 1970. “Como professor, era uma referência para nós, não apenas por sua reconhecida atuação profissional como arquiteto, mas também por levantar discussões sobre a arquitetura de forma bastante democrática, em um momento delicado para a universidade em termos de liberdade de expressão”.

“A FNA lamenta a perda desse profissional que teve papel destacado na arquitetura e uma trajetória política no Estado do Rio de Janeiro”, declarou o presidente da FNA, Jeferson Salazar.

OUTROS DEPOIMENTOS

Amigo, professor, político, arquiteto. Luiz Paulo Conde foi um profissional e cidadão com várias facetas, que inspirou admiração por onde passoupela morte do ex-presidente do IAB-RJ e ex-prefeito do Rio, arquitetos e amigos enviaram declarações para o IAB em homenagem a Conde.

“O arquiteto Luiz Paulo Conde foi meu professor de projetos na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ no começo dos 1980. Nessa ocasião, fez uma provocação em função de um projeto que desenvolvi, no qual havia ‘algumas citações da arquitetura finlandesa de Alvar Aalto’. Conde tinha uma compreensão – ao meu ver acertada – de que a arquitetura ia muito além da mera linguagem, mas que deveria se referir à cultura do construir de um local, no caso o Brasil. Depois disso, tivemos alguns contatos sempre em torno da questão da cidade e da arquitetura. Como secretário de urbanismo do Rio de Janeiro, desenvolveu programas importantes para a cidade, como o Rio Cidade e o Favela Bairro, nos quais sempre defendia o protagonismo do projeto, nos instigando a ter uma atitude crítica e reflexiva. Enfim, sempre foi um arquiteto que reconhecia o valor cultural do urbanismo e da arquitetura.” – Pedro da Luz Moreira, presidente do IAB-RJ.
 
“Luiz Paulo Conde era uma pessoa que gostava da vida e olhava para o futuro com confiança e esperança. Como arquiteto, urbanista, secretário e prefeito, Conde trouxe para o Rio a experiência de transformação urbana que observou em Barcelona, cidade que amou. Foi como um professor a despertar em nós, cariocas e brasileiros, uma nova visão de cidade. Para mim foi um privilégio ter participado dos projetos de requalificação da Praça XV, Rio Cidade, Favela Bairro e da reforma do Parque do Flamengo, no projeto Rio Mar. Foram projetos que marcaram profundamente tanto a cidade do Rio de Janeiro quanto a minha vida profissional. Sou uma pessoa feliz por ter convivido com o Conde, com a sua generosidade e bom humor incomparáveis.” – Verena Andreatta, Secretaria Municipal de Urbanismo e Mobilidade.

“Conde foi meu professor, companheiro de trabalho e amigo querido. Sem dúvida, foi também uma importante liderança política e, durante sua gestão como secretário de Urbanismo de Cesar Maia e prefeito, a cidade e o urbanismo foram colocados no centro das discussões como promotores de desenvolvimento. Dois programas, Favela Bairro e Rio Cidade, atingiram todo o Rio de Janeiro, provocando intensa, mas saudável, polêmica.” – Augusto Ivan de Freitas, arquiteto e urbanista.

“A gente perde um arquiteto de uma geração importante para a arquitetura brasileira, que deve ser mais reconhecida. Fui diretora cultural do IAB-RJ por duas vezes na gestão do Conde. A nossa relação era de muita amizade. Existia muito respeito dele pela nossa juventude, pelo nosso ímpeto de mudança e, principalmente, de agregação. Lutamos no IAB contra a ditadura de uma maneira veemente, juntando pessoas de diferentes campos profissionais. Conde teve muito mérito nisso: trazer para o Instituto um campo disciplinar diverso. Um exemplo dessa diversidade de visão da arquitetura se materializa na coleção “Arquitetura brasileira após Brasília”, um marco para o reconhecimento de uma arquitetura que não era pós-moderna, mas que quebrava com os preceitos modernistas. A coleção foi publicada na segunda gestão do Conde (1977-1978).” – Cêça Guimaraens, diretora cultural do IAB e vice-presidente do IAB-RJ.

“O Luiz Paulo Conde foi um líder da nossa classe, que conseguiu sair das fronteiras da arquitetura e entrar na fronteira da administração. O esforço do Conde de levar todos aqueles conhecimentos e ideais dos arquitetos para a gestão pública foi um serviço inestimável. Um legado que precisa ser reconhecido e um exemplo a ser seguido.”- Edison Musa, arquiteto e urbanista.

“De fato, nosso mestre Luiz Paulo Conde se foi… Lutou nos últimos anos com várias doenças que o fustigaram, apesar de ser uma pessoa forte, em todos os sentidos. Foi muito importante para a Cidade do Rio, para seus alunos, seus parceiros e liderados, para o IAB e sua democracia, e pra minha vida profissional. Guardo momentos de lições, parcerias, desprendimentos e muito respeito! Do aluno e fã.” – Demetre Anastassakis, arquiteto e ex-presidente do IAB e do IAB-RJ.

“Grande e inestimável perda. Conde esteve conosco na Bienal de Quito proferindo palestra e lançando livro, com sucesso de audiência. Saudades infinitas. Envio alento a ser repassado para seus familiares.” – Vânia Avelar, coordenadora de delegação brasileira na Bienal Pan Arquitetura Quito.

“Conde foi uma pessoa importante na minha formação. Fui aluno dele, estagiário e o ajudei durante um período na FAU. Foi um dos que me incentivaram a iniciar carreira acadêmica; na verdade, foi quem me deu a notícia que eu tinha sido aprovado no concurso da Ufes. Após mudar-me para Vitória, mantive longo contato com ele, até adoecer e ficar recluso. Chegou a hora de descansar.” – Tarcísio Bahia de Andrade, arquiteto e urbanista.

“Nossos votos de pesar, que peço aos colegas cariocas fazer chegar aos seus mais próximos e familiares.” – Solange Araújo, presidente do IAB-BA.

“Com uma obra consistente e com identidade própria, se arriscou na vida política, foi secretário, prefeito e vice-governador. A cidade do Rio de Janeiro deve muitas de suas transformações à sua iniciativa e perseverança. Mais arquitetos deveriam seguir, como Luiz Paulo Conde, a vida pública.” – Edison Elito, arquiteto e urbanista.

“Quando estudante, acompanhei várias de suas façanhas como homem público que fez história levando a Arquitetura para a pauta das políticas públicas. Afinal, da sua vida pública de coragem brotaram trabalhos como o Favela Bairro, Rio Cidade, os projetos da reconstrução Rio onde a Cooperativa brilhou, momentos únicos na história dos concursos públicos de arquitetura com ênfase na habitação, na requalificação de espaços públicos e no urbano. Coragem digna de nota! E até mesmo projetos particulares e mesmo assim marcantes como as escolas para a Fundação Bradesco, o Downtown na Barra. Além de tudo, sua biblioteca era primorosa, e o projeto da Revista ViverCidades é uma verdadeira Gentileza Urbana, digna de um grande Arquiteto. Que bom que o IAB teve condições de homenageá-lo em vida no Congresso Brasileiro de Arquitetos em Recife, ofertando a ele a maior honraria do IAB: o Colar de Ouro. Transmitam aos familiares meu pesar, como arquiteta, militante do IAB, que ele também presidiu, e admiradora do seu trabalho. A arquitetura está de luto.” – Cláudia Pires, diretora Administrativa e Financeira do IAB-MG.

Fonte: CAU BR

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