Foi intenso o debate sobre o estaleiro nos últimos dias: a prefeita Luizianne Lins (PT) veio a público e foi enfática ao dizer que ``essa cidade tem prefeita``, se opondo frontalmente ao empreendimento no Titanzinho; o governador Cid Gomes (PSB) respondeu que não vai impor nada contra a vontade popular, mas reforçou que não está em discussão o local de instalação do negócio - ou fica no Titanzinho, ou não será feito; vereadores e deputados se posicionaram com mais clareza, uns do lado do governador, outros da prefeita. De prático, que resulte numa definição do impasse, porém, muito pouco se avançou, exceção feita à promessa do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) do Ceará, de que vai fazer um parecer técnico sobre o empreendimento & basta saber se o resultado será levado em conta na decisão final do governo.
O que mais fez falta até aqui foi a Prefeitura de Fortaleza não ter apresentado todos os detalhes de seu projeto para o local. Afinal, como contrapor uma proposta que apresenta como ganho 1.200 empregos sem ter nada em mãos? Nessa semana, em entrevista ao repórter Pedro Alves, o secretário de Infraestrutura do município, Luciano Feijão, antecipou alguns dados do Aldeia da Praia, projeto que, promete, vai mudar bastante o litoral de Fortaleza, incluindo o Titanzinho: com investimentos de US$ 165 milhões, US$ 55 milhões a mais do que o custo do estaleiro, o projeto deve intervir em habitação, vias públicas, corredores de ônibus, criar praças, resultando numa série de medidas para melhorar a vida de quem mora ou passeia em diversas praias de Fortaleza. Segundo Feijão, a proposta já está no gabinete do Ministério do Planejamento para análise.
Faltaram, porém, detalhes que se fazem urgentes nesse momento: prazos, benefícios, se haverá desapropriações e se há viabilidade técnico-financeira. A Prefeitura promete ainda que serão criados 1.500 empregos numa indústria têxtil a ser instalada na Barra do Ceará - mais uma promessa sem qualquer detalhe de quando isso deve acontecer. A queda-de-braço política, pura e simplesmente, pode até surtir algum efeito momentâneo, mas o debate construtivo e necessário para toda a sociedade é aquele embasado em dados objetivos, com ampla transparência. Com certeza, essa disputa não será vencida no grito, nem de um lado, nem do outro.
Fonte: Coluna POLITICA/ O POVO por Kamila Fernandes
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