Com o título “Um futuro para a Praia do Futuro”, o arquiteto Joaquim Cartaxo manda artigo para o Blog do Eliomar abordando eesse pedaço de litoral de Fortaleza e suas questionáveis barracas. Cartaxo é a favor das barracas e cobra adequações. Confira:
Nas últimas três décadas, a paisagem natural da orla marítima da Praia do Futuro foi transformada com a construção de barracas que funcionam como equipamentos de lazer e entretenimento, em especial nos finais de semana quando são intensamente demandadas por fortalezenses e visitantes tanto de outras regiões do Ceará como de outros estados.
Está ocupação está consolidada e, em sã consciência, é difícil acreditar na viabilidade de uma proposta de demolição das barracas com o objetivo da Praia do Futuro ficar parecida ao que era, no início dos anos 70 do século passado. Nessa época, apenas o “Cristino” e o “Chez Pierre” concentravam a atração dos poucos que se aventuravam a frequentá-la e desfrutar de sua paisagem natural em que predominava dunas em movimento.
A ideia de uma Praia do Futuro sem barracas não resiste à realidade socioeconômica e cultural de Fortaleza; parece coisa de quem não vivenciou esse passado, mas o considera uma maravilha e nem frequenta o presente, entretanto avalia-o como um desastre. Melhor dizendo, não comeu e nem come caranguejo na Praia do Futuro.
Evidencie-se que comer caranguejo nas noites de quinta-feira em Fortaleza surgiu na Praia do Futuro, tornando-se depois algo que se firmou culturalmente do centro à periferia da cidade.
Hoje, as barracas constituem a paisagem construída de Fortaleza e atendem às demandas e aos interesses de milhares de pessoas. Essa circunstância urbana deve ser enfrentada como uma oportunidade de melhoria das condições socioambientais e culturais da Praia do Futuro e não como um problema urbano.
Sem planejamento e controle urbanísticos, o uso e ocupação do solo da Praia do Futuro aconteceu gerando carências de infraestrutura e equipamentos que caracterizam as ocupações espontâneas dessa natureza. Um passo importante na direção de vencer o desafio de superar tais deficiências é pactuar política e socialmente um plano urbanístico que estabeleça ações e projetos segundo uma ordem de prioridades de execução.
A componente controle urbanístico desse plano pode adotar medidas como a imediata demolição das barracas abandonadas, seguida da urbanização das áreas em que estavam construídas por meio da implantação de equipamentos públicos que melhorem a segurança e o conforto dos usuários das atividades desenvolvidas na Praia do Futuro.
Outra medida de controle urbanístico é proibir a construção de mais barracas e as que ficarem será permitido apenas realizarem melhorias necessárias ao desempenho adequado de suas funções de equipamentos de lazer e entretenimento. Portanto, não poderão ampliar sua área construída.
Com a adoção dessas medidas, limita-se o número de barracas e a área construída. Consequentemente, demarca-se as áreas livres.
Na componente melhorias urbanas do plano há necessidade de relacionar obras que melhorem e ampliem o sistema viário, passeios, drenagem urbana, abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta de resíduos sólidos e iluminação pública.
Estratégia de implantação e manutenção dos logradouros e equipamentos são outras componentes imprescindíveis, pois definem a longevidade do plano, os parceiros, as avaliações pós-ocupação, as revisões e as readequações que atendam as atuais atividades e as novas demandas produzidas pela dinâmica socioeconômica e cultural da cidade que é intensa.
* Joaquim Cartaxo é arquiteto, mestre em Planejamento Urbano e Regional. Também ex-presidente do PT do Ceará.
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