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terça-feira, 31 de março de 2015

Urbanismo

Soluções urbanas fixas são problemáticas em um mundo de mudanças rápidas

Arquiteto chileno Luis Felipe Vera fala como a urbanização acelerada se torna enfraquecida, demandando diferentes ferramentas de intervenção


Divulgação

O arquiteto e urbanista chileno Luis Felipe Vera acredita que a urbanização agora tem uma base muito mais acelerada, e o modo fixo como pensamos as cidades e o ambiente urbano parece mais problemático. Luis Felipe foca seu trabalho de pesquisa na compreensão das ecologias urbanas e padrões sociais em paisagens emergentes, com interesse no mapeamento de processos de urbanização temporários e efêmeros ao redor do mundo.
O chileno esteve em São Paulo para dar uma palestra durante o X Seminário Internacional, evento promovido pela Escola da Cidade em parceria com o Sesc. O seminário, que termina hoje (27), reuniu ao longo desta semana profissionais brasileiros e estrangeiros de diferentes áreas para falar sobre o tema Tempo Livre na Cidade.
Professor do laboratório de design da Universidade Adolfo Ibañez, Felipe também é pesquisador associado na Escola de Graduação em Design da Universidade de Harvard. Formado pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Chile, é mestre pela Universidade de Harvard em estudos de design com ênfase em urbanismo, paisagismo e ecologia.
Leia a entrevista que o arquiteto concedeu à Revista AU no terceiro dia do seminário:
Qual é a importância, para a arquitetura e para o urbanismo hoje, de se compreender as ecologias urbanas em paisagens emergentes?
Não há só uma maneira de responder essa pergunta, mas talvez uma abordagem muito interessante. Hoje estamos num estágio onde a urbanização explodiu, está por todo o mundo. Você tem ruas, infraestrutura e redes que são como que invisíveis, que nos conectam pela internet. Então, a mesma infraestrutura também se tornou como uma rede social, de modo que instituições não estão mais em uma cidade ou em um lugar específico, mas estão relacionadas a um escopo mais amplo. Eu gosto do termo ecologia urbana porque é sobre interação. Ela explora não somente como os edifícios são empregados, mas também agrega coisas imateriais: práticas, hábitos, comunicações, interações. E particularmente nos lugares em que a urbanização está acontecendo, digamos, em sua base, ou seja, as economias emergentes, tudo que está abaixo da linha do Equador.
De que maneira o conhecimento dessas dinâmicas influencia o seu trabalho enquanto projetista?
Acredito que temos que propor um jeito diferente de imaginar para intervir na cidade. Mais que a influência em como intervimos, acho que temos que recriar as ferramentas e as estratégias antes de fazê-lo, nesse novo contexto de urbanização.
Um dos focos do seu trabalho de pesquisa é o mapeamento de processos de urbanização temporários ao redor do mundo. Como esses processos se inserem na dinâmica de urbanização atual?
A urbanização agora tem uma base muito mais acelerada, então ela se torna muito mais enfraquecida do que antes. As cidades em algum momento estão se tornando obsoletas, se você pensar no fenômeno daquelas que estão encolhendo. Um aspecto de construir esse novo imaginário é apenas perguntar por que nós estamos tão presos à permanência, se algo está nos dizendo que ela não é necessariamente a única solução. E o modo fixo como pensamos as cidades e o ambiente urbano parece mais problemático. Temos que pensar que construímos e intervimos com soluções muito mais permanentes que a natureza dos problemas que estamos tentando resolver. O mundo está realmente em um processo de ajuste, se pensarmos que o clima e a geografia estão mudando, nos desastres naturais. E a exploração de recursos naturais também está criando diversas outras cidades impermanentes de alguma maneira.
O vencedor do Pritzker deste ano, Frei Otto, conhecido por usar tensoestruturas, afirmou em uma entrevista para a AU que "durabilidade não é sinônimo de economia". Você concorda? Por quê?
Com certeza. Nós temos uma técnica altamente articulada para construir, mas não para desconstruir o que realizamos. O capital não se aloca por muito tempo em um determinado espaço. Há uma ruptura entre o espaço e o tempo dos fluxos de capital, o qual as cidades não estão necessariamente aptas a capturar. Eu não acredito que as cidades tenham que ser necessariamente móveis, mas se suspendermos por um momento o que consideramos ser a resposta óbvia para uma cidade e nos permitirmos imaginar uma maneira diferente de ocupar o espaço, as cidades devem ser absolutamente flexíveis. Não apenas seguindo o capital, mas sim o que faz sentido.




Fonte:http://au.pini.com.br

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