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segunda-feira, 6 de julho de 2015

Curta-metragem projeta a Fortaleza de 2040


Nos próximos 25 anos, Fortaleza seguirá se destruindo e reconstruindo. A distância simbólica entre as regiões da Capital aumentará. O isolamento e o individualismo serão ainda mais presentes na vida do povo fortalezense. São essas as projeções do filme Selfie, produção cearense que está sendo gravado e deve estrear em outubro. O curta-metragem vem percorrendo vários bairros e visa questionar a relação do individuo com a cidade.

“A Fortaleza de hoje está sempre em obras, com as pessoas vivendo desapropriações dos seus lugares, e, por isso, o futuro talvez seja uma Fortaleza em ruínas”, afirma Adail Sales Júnior, diretor da produção. Ele cita o viaduto do Cocó e corredor exclusivo de ônibus da avenida Bezerra de Menezes como dois exemplos de obras que mexeram com a Capital e que, provavelmente, seguirão em mutação.

Para investigar a cidade de hoje em busca da projeção do amanhã, o filme recorre a intervenções artísticas nas ruas para apresentar como podem ser diversas as percepções de vivências na cidade. “Construímos a nossa identidade a partir de alguns dos espaços que nos são oferecidos e nos relacionamos a partir destes, mas também podemos sugerir novos espaços e criar relações”, contextualiza o produtor Israel Diogo.

Híbrido entre documentário e ficção, o curta-metragem não trabalha com roteiro na busca por levar para a tela o “não-controle” da vida urbana. O nome Selfie vem como uma crítica à forma de viver a repetição e ao individualismo que saltam da cidade de hoje para a cidade de amanhã. Em cena, os artistas, Artur Dória, Diego Salvador, Júnior Mendes, Luciana Rodrigues e Rodrigo Colares gravam em meio ao dia a dia da capital cearense. A intenção, segundo o diretor Adail Sales Júnior, é criar uma espécie de “antiautoretrato” ou “antiselfie”, tendo o coletivo como norteador.

“A tecnologia está tomando de conta e nos aprisionando, tem muita gente que só anda pela cidade de cabeça baixa, olhando para o celular. O individualismo só cresce”, destaca Diego Salvador. Na performance que apresenta no vídeo, o autor discute a vivência das figuras andrógenas nas ruas. No trabalho, ele sai de casa com roupas masculinas e chega ao terminal de saia e salto alto. “Acho que até 2040, Fortaleza será uma cidade menos preconceituosa, acredito que até lá as discussões de gênero vão ser mais positivas”, diz, esperançoso.

Dois olhares sobre a cidade de amanhã


A cidade é um animal vivo em constante transformação, soma de suas partes antigas e novas. Alia diversas formas de planejamento, cultas e leigas, certas e erradas. Evolui, involui, cresce, decresce, fortalece-se, enfraquece, incha, constrói-se, destrói-se. Diz Içami Tiba que “nenhum projeto é viável se não começa a construir-se desde já; o futuro será o que começamos a fazer dele no presente”. O passado, o aqui e agora e o devir, tempos amalgamados e alimentados pelo desejo de fazer a vida valer. “Como será amanhã?”, pergunta o samba. Palácio ou tapera, metrópole ou ruína? Fortaleza será o que fazemos dela no cotidiano, resultado de nossos atos e omissões. Nossos acertos e percalços moldarão seu corpo. Quem sabe não será este o roteiro desta cidade-esfinge?
Romeu Duarte, arquiteto e urbanista, chefe do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFC

Cidades contemporâneas aliam sociedade, natureza, cultura, valores diversificados, poder, tecnologia, impactos de distância e velocidade. Misturando isto tudo com migrações, explosões demográficas, crescimento dispersivo e desequilíbrio na distribuição territorial de oportunidades, obteremos o padrão típico das megalópoles miseráveis e desiguais. Estas são assentadas na exclusão da maioria em relação às zonas de oportunidades, na desordem espacial, na corrosão das vizinhanças, nas dificuldades com a movimentação de pessoas e bens, no incremento do homicídio, nas habitações precárias, no desperdício, na destruição dos recursos naturais e dos elementos da herança cultural edificada. Há jeito? Sim. Projetos sistêmicos, gradativos e submetidos ao controle permanente da sociedade.
Fausto Nilo, arquiteto, poeta e compositor

Fonte: O Povo

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