Impressiona a sequência de reveses relacionados às obras de construção do Acquario Ceará. O mais novo obstáculo surgiu com a decisão do Congresso dos Estados Unidos que retirou a autorização para Export-Import Bank realizar novas operações de financiamento. Assim, uma nova incerteza se junta às várias já existentes.
O projeto do Acquario nasceu no âmbito de uma conjuntura política e econômica oposta à de hoje. Era um tempo em que não havia grandes preocupações com a qualidade dos investimentos públicos. Nem sequer se faziam estudos de viabilidade ou um plano de negócios para decidir se era ou não viável instalar um determinado empreendimento público.
O Acquario se projeta como uma empresa pública. Embora não tenha produzido estudos básicos, como um plano de negócios, a ideia do Governo é que o equipamento se sustente com a venda de ingressos. Uma estimativa feita pelo Governo passado avaliou que o Acquario será visitado por 1,2 milhão de pessoas por ano. Uma projeção muito otimista se considerarmos que o Oceanário de Lisboa, equipamento já bem consolidado em uma das cidades mais visitadas do mundo, recebeu 987 mil visitantes em 2014.
Além do empréstimo, há uma sequência de tarefas básicas a se resolver. Ações como um prédio residencial a ser desapropriado, desocupado e demolido para virar estacionamento estão em lento andamento. O desenho administrativo do Acquario também ainda não foi definido. Até hoje não há nenhuma pista acerca da estrutura jurídica que o administrará. Será uma estatal com diretoria nomeada pelo governante da vez?
Ao externar seus projetos de promover concessões à iniciativa privada, o governador Camilo Santana (PT) chegou a citar o Acquario como um dos possíveis equipamentos a compor a lista. Seria uma boa solução. O que não se sabe ao certo, porque não há estudos nesse sentido, é se esse projeto é viável e capaz de atrair o interesse privado.
Um quadro com tantas perguntas sem as devidas respostas sugere que o cearense fique atento e não aceite novos projetos de equipamentos públicos sem que se prove com bastante clareza a sua viabilidade. Afinal, há sempre uma conta a pagar.
Fonte: O Povo
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