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quarta-feira, 22 de julho de 2015

Saída do poder foi fatal para o Centro de Fortaleza, diz especialista



O Centro de Fortaleza não foi só o motor econômico e cultural da Cidade de Fortaleza durante anos. De lá, emanava o poder político que se irradiava pelo Estado. Lá, onde hoje está apenas a sede da Prefeitura, no Paço Municipal. também já estiveram a Assembleia Legislativa, a sede do Governo Estadual e a própria Câmara Municipal.

Para Romeu Duarte Júnior, chefe do Departamento de Arquitetura da Universidade Federal do Ceará, a decisão foi fatal para o bairro. “Com isso, houve um esvaziamento terrível do Centro”, diz. De acordo com o professor, não é por acaso que os novos endereços das instituições se tornaram algumas das áreas mais nobres da cidade. Ao Centro, restou o comércio voltado para as classes mais baixas, que, inevitavelmente, cessa por volta das 19h. E o bairro fica deserto.

De acordo com Romeu Duarte, o esvaziamento não ocorreu por acaso. Os governos militares dispersaram o que ele chama de “símbolos de poder” para evitar manifestações populares e, consequentemente, despolitizar o bairro. “Foi um reflexo urbanístico do que acontecia no plano político”, declara o arquiteto.

Revitalização
Na opinião do professor, a estratégia da atual administração municipal de tentar trazer as instâncias administrativas de volta para o Centro - como o retorno da Prefeitura ao Paço Municipal - é acertada. Segundo ele, o poder público acaba funcionando como atrator para iniciativa privada. “É uma iniciativa importante para que a gente possa consertar o Centro”, declara. Ele também elogia a iniciativa do presidente da Câmara Municipal, Salmito Filho (Pros), de tentar levar o Legislativo municipal de volta para o bairro. 

O presidente adianta que o projeto deve retornar com mais energia depois do recesso da Casa. Após conquistar simpatia dos colegas vereadores à ideia, ele vai buscar apoio junto às entidades representativas da comunidade do Centro, como o Sindicato dos Comerciários e a Câmara dos Dirigentes Lojistas. De acordo com o vereador, em conversas informais todos têm se mostrado entusiasmados com a proposta. A expectativa é de que a transferência de fato sirva como um impulso para a revitalização do bairro.

Apesar disso, ele não tem esperanças de conseguir realizar a transferência antes do fim de seu mandato. Segundo Salmito - que concorda com a tese de que o esvaziamento político do Centro foi para afastar os governantes da população -, tudo está sendo feito com cautela para que a transferência seja “irreversível”.

NÚMERO

R$15
milhões é o que Salmito espera gastar com transferência da Câmara para o Centro

Saiba mais

A decadência política do Centro teve seu período mais forte na década de 1970, quando Câmara, Assembleia e Governo estadual deixaram o bairro. No período, a região ainda respondia por 2/3 dos empregos formais de Fortaleza.

A antiga sede da Assembleia Legislativa, na rua São Paulo, chegou a ser até mesmo cenário de guerra, quando, em 1912, apoiadores do tenente-coronel Franco Rabelo, governador que tomou o poder pelas armas, entrincheiraram-se no prédio para evitar que os deputados anulassem a posse do militar - o que traria o governador deposto, Nogueira Accioly, de volta ao poder. Para os rabelistas, com sede de vingança.

De acordo com Salmito Filho, já há imóveis em vista para receber a Câmara. Ele, entretanto, não diz quais para não “antecipar o debate”
Fonte: O Povo

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