Diz-se que embates sobre questões fundamentais servem para revelar a verdadeira face dos protagonistas, mostrando quem é quem, de fato. Isso ocorre, principalmente, em agudos momentos de disputa de interesses, quando cada "persona" é obrigada a revelar a identidade que oculta. A questão do estaleiro do Titanzinho & segundo essa tese & é um desses marcos divisores. Nos últimos dias, a queda dos véus que encobriam alguns rostos trouxe surpresas desagradáveis, pois as faces desveladas não apresentaram as feições que davam impressão de possuir. Às vezes, é toda uma biografia de militância que lamentavelmente vai por águas abaixo. E quem mais vai pagar por isso? Segundo os críticos, será o PT que abriga (indevidamente?) correntes não comprometidas com o desenvolvimento sustentável, mas atingirá também outras siglas de esquerda que tenham o mesmo descompromisso.
O artigo de Fausto Nilo sobre o estaleiro do Titanzinho é um divisor de águas & segundo a visão de muita gente. Estima-se que quando este momento for enfocado, no futuro, por estudiosos, seu texto se apresentará como um marco de clareza e responsabilidade profissional. Esse é o papel que se espera de um verdadeiro intelectual em momentos de curto circuito racional. Quanto à conciliação entre as duas propostas (a da prefeitura e a do governo estadual), não há como não concordar com a sua impossibilidade. Não existe "meia gravidez". Na medida em que o estaleiro for implantado na área, o resto fica inapelavelmente comprometido. O projeto da Prefeitura - ou outro que conserve a paisagem - é o que cabe na área, e vale a pena lutar por essa opção, mesmo que leve tempo para ser implantada - concordam seus defensores. O importante é que o rumo está correto.
O empresário do estaleiro está no papel dele, de querer o menor custo possível para o seu empreendimento. "Só que não às nossas custas" & replicam os opositores. Cabe ao poder público e às forças sociais e políticas comprometidas com o desenvolvimento sustentável e com o destino desta Cidade oferecer-lhe alternativas. Se ele não as aceitar, está no seu direito. Mas, o nosso é recusá-lo, em nome do interesse coletivo e desejar-lhe boa sorte em outras paragens que lhe ofereçam os lucros desejados e sua presença não seja predatória - frisam.
A vocação da Fortaleza contemporânea é serviço e não indústria & uma nos lança ao futuro, a outra nos ancora no passado. Os empregos na indústria são cada vez mais inviáveis, o contrário do que acontece com turismo, entretenimento, produção cultural, comunicação e serviços em geral.
Fonte: Coluna Concidania por Valdemar Menezes/ O POVO
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