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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Prédio tombado é pintado de cinza

As famosas pedras do prédio da Caixa, que é tombado pelo Estado, ganharam nova cor. Arquitetos ouvidos pelo O POVO estranharam


Pedras estão sendo pintadas de cinza. Caixa não respondeu o motivo da obra (IGOR DE MELO)


A fachada do prédio da antiga alfândega, tombado em 2005 pelo Governo do Estado, está ganhando nova tonalidade. No lugar da cor natural dos elementos componentes das rochas, o cinza ganha vez em diversos trechos da construção que se destaca na avenida Pessoa Anta, na Praia de Iracema. O espaço está em obras desde 2009 para abrigar a Caixa Cultural, equipamento de cultura da Caixa Econômica Federal.

Arquitetos procurados pelo O POVO para comentar a situação estranharam a novidade. Isso porque obras em prédios tombados só podem ser realizadas observando-se as particularidades da construção. “O que prevalece em um restauro é a valorização dos materiais originais, das técnicas originais, da maneira como os materiais foram dispostos”, frisa o arquiteto e professor da UFC, Romeu Duarte Junior.

Destacando não ter conhecimento do projeto da Caixa Cultural, Duarte cita que, caso a nova cor não seja de um produto para proteger a fachada, pintar as pedras é “muito estranho”. “Quando passa tinta, (a parede) vai ficar com as características e todos elementos que compõem o material muito escondidos”, diz.

“Para o bem da cidade, mesmo o prédio histórico não sendo tombado, é importante que fique mais próximo do original no aspecto externo”, comenta o arquiteto Antônio Rocha Junior, diretor de política cultural do Instituto de Arquitetos do Brasil no Ceará (IAB-CE).

“Você quando faz intervenção em bem tombado tem que buscar programas arquitetônicos compatíveis. Não pode descaracterizar aquilo ali”, lembra o arquiteto do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Francisco Augusto Sales Veloso.

Sem resposta
Segundo a assessoria de comunicação da Caixa, todo projeto para restauro do prédio foi elaborado por profissionais da área. O POVO solicitou à assessoria o contato de algum desses profissionais, mas foi informado de que o arquiteto do banco que acompanha a obra não foi localizado na tarde de ontem. A assessoria não soube detalhar qual procedimento está sendo realizado na fachada.

O coordenador do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (Coepa), da Secretaria da Cultura, Otávio Menezes, afirma que arquitetos da secretaria ficaram responsáveis por avaliar as intervenções no prédio. Menezes não soube informar qual o parecer do caso porque estava viajando, mas disse que hoje poderá dar uma “resposta mais objetiva”.

Mesmo sem detalhar o caso, Menezes cita que as alterações externas em bens tombados são “mais limitadas”. “Elas devem obedecer pelo menos padrões de volumetria (forma do edifício) para preservar a memória”, afirma.


ENTENDA A NOTÍCIA
Inaugurado em 1891, final do Império, o prédio da antiga alfândega já abrigou setores da Secretaria da Fazenda e da receita federal. Na década de 1980, foi adquirido pela Caixa. O prédio foi tombado pelo Estado em 2005.

FONTE: O Povo On line

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