Em sua quarta edição, a pesquisa Women in Architecture, realizada pelo Architect's Journal,
está fortemente inserida na discussão de gênero na profissão da
arquitetura. Utilizando dados de oriundos de diversas partes envolvidas -
clientes, consultores, engenheiros, construtores e acadêmicos - o
levantamento de 2015 focou apenas no Reino Unido e viu o número de
participantes aumentar para inéditos 1.104 entrevistados, 20% dos quais
eram homens.
Os resultados das edições
anteriores da pesquisa levantaram a discussão no meio arquitetônico e na
mídia, tendo sido citados pelo RIBA e pelo governo britânico. A
pesquisa cobre quatro tópicos principais - pagamento, prática, educação e
filhos - começando com questões mais amplas sobre discriminação antes
de se aprofundar em temas mais específicos. Veja a seguir os resultados
do levantamento de 2015.
Quando perguntadas se já haviam
sofrido discriminação sexual em sua carreira na arquitetura, 75% das
mulheres responderam positivamente. Dos 41% que se identificou como
vítima de "[assédio moral] enquanto trabalhava com arquitetura", 68%
disse que os incidentes em questão aconteceram em seus próprios
escritórios. Uma entrevistada comentou que "as piores experiências eram
ocasionadas por clientes e colegas", enquanto que outra descreveu como
"após uma mulher ter deixado o escritório, um arquiteto ligou para um
colega para dizer o que ela estava vestindo." No entanto, os resultados
sugerem que o assédio moral em locais de trabalho não são exclusividade
feminina, com quase um terço dos entrevistados relatando experiências
similares. Destes, 60% afirmou que o assédio aconteceu no escritório.
"Nosso escritório é muito político", comentou um dos entrevistados.
Embora os números que relacionam o assédio moral em
locais de trabalho com a questão do gênero sejam inconclusivos, há
claramente outras questões envolvidas. A diferença de salário na faixa
média de ganhos está diminuindo - 22% das mulheres ganham
entre £33.000-36.000, comparadas com 24% dos homens - embora as
discrepâncias aumentem nos dois extremos do espectro. Trinta e oito
porcento das mulheres médicas ganham menos de £37.000, enquanto que
apenas 19% de seus colegas homens ganham menos que isso; por outro lado,
6,7% dos homens ganham entre £75.000-99.000, ao passo que apenas 1,5%
das mulheres ganham isso.
O relatório
reflete sobre como as mulheres vem tentando contornar esse problema,
notavelmente "saindo da hierarquia típica ... [e assumindo] um nível
maior de responsabilidade e autonomia." Onze porcento das entrevistadas
eram autônomas, comparado com 7% dos homens. 49% das mulheres trabalham
em escritórios com menos de 26 funcionários. As mulheres estão deixando
dos grandes escritórios, sugere o levantamento, com um sentimento de
frustração. "Não consigo ver oportunidades devido à estrutura rígida",
disse uma entrevistada.
O tema "filhos"
também foi abordado, com 87% das arquitetas respondendo "sim" para a
questão de "se ter filhos coloca a mulher em desvantagem na
arquitetura"; a mesma porcentagem respondeu "não" quando a mesma
pergunta foi feita em relação aos homens.
As respostas dos homens são igualmente reveladoras.
Quando perguntados se pensam que há "tantas oportunidades para as
mulheres quanto para os homens na arquitetura", 82% dos entrevistados
responderam "sim", e quando perguntados se recebiam mais que suas
colegas arquitetas, um terço respondeu "não". Nesse ponto a importância
do relatório do AJ se torna nitidamente evidente, legível e fácil de
digerir; a pesquisa coloca em primeiro plano questões das quais muitos
simplesmente não estão cientes.
Fonte:http://www.archdaily.com.br
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