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quinta-feira, 9 de abril de 2015

Os espaços sem limites do nosso Dragão


Os espaços sem limites do nosso Dragão

Francisco Luciano Teixeira Filho
Professor de Filosofia

O grande artista cearense, Fausto Nilo, além das inúmeras canções que já abraçaram o gosto dos brasileiros, também emprega seu enorme talento na arquitetura. Na verdade, esse é seu ofício de formação. Ex-aluno e professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFC, Nilo já deixou algumas marcas da sua prancheta na paisagem de Fortaleza. Contudo, entre seus inúmeros projetos na capital, não tenho medo de arriscar aquele que mais agrada o coração do fortalezense: o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, idealizado em parceria com Delberg Ponce de Leon.

O Dragão, como é conhecido pelos fortalezenses, é um projeto de enorme beleza arquitetônica, mas que não perde em funcionalidade e integração com o meio. O plano é responsável pela revitalização da região próxima à nossa Ponte dos Ingleses, conhecida com intimidade como Ponte Metálica ou Ponte, simplesmente. Com clara inspiração regionalista, as colunas e o telhado vermelho do prédio parafraseia os casarões caiados, com suas casas de farinha, cercados por alpendres, com aquelas telhas de barro vermelho que se destacam no horizonte do interior do Ceará – inclusive Quixeramobim, terra natal de Nilo.

Não tenho dúvidas, portanto, em afirmar que o Dragão do Mar é o projeto público mais bem sucedido de Nilo. Basta observar que ele é completamente habitado, não apenas por turistas, como é comum nas obras da região, mas por todo cidadão, de todas as classes, de todos os bairros. O Dragão é o ponto de encontro dos moradores de Fortaleza – quem nunca disse “no Dragão, tal hora”.

Marca dessa completa habitabilidade do Dragão era a total integração do prédio com o passeio. O nosso Dragão não tem muros; não tem dentro e fora. Os espaços se completam, se expandem, de forma que o telhado seja, além do vermelho, o céu; as paredes, além das colunas, a cidade. Nesse sentido, a entrada do nosso Dragão é qualquer lugar; de todas as partes que se venha, o habitante estará dentro. Essa, ao meu ver, é a marca revolucionária da arquitetura de Nilo em Fortaleza. Como sua música não tem fronteira, o seu prédio também não tem.

Porém, há alguns anos, o Dragão do Mar se fechou. A falta de paredes deu lugar a um gradil que enfeia todo o lugar e as infinitas portas de entrada foram reduzidas à poucas. O nosso Dragão, antes sem limites, agora é fechado. Quando olhei aquilo pela primeira vez, achei que fosse provisório; uma infraestrutura necessária para algum evento. Mas não. Quando, depois de muitos meses, pude retornar ao nosso Dragão, tudo continuava cercado. Não sei qual razão justificaria esse desprezo pelo brilhantismo revolucionário de Nilo, mas que é hora de libertar do Dragão da Jaula, é!


Fonte:Opovo

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