Endereço: Av. Carapinima, 2425 - Benfica |Cep: 60015-290 - Fortaleza - CE |Tel: (85) 3283.5454 / 88973480
Email: iabce@iabce.org.br| Site oficial do IAB-CE | Página Facebook | Perfil Facebook | Twitter

quinta-feira, 15 de março de 2012

Revitalizar a praia leste

A Praia do Futuro corresponde a um dos últimos grandes espaços da orla marítima de Fortaleza onde o progresso foi contido. Com exploração imobiliária promovida na década de 60 e início da década de 70, sua ocupação espacial é contemporânea dos imensos espaços da Barra da Tijuca no oeste do Rio de Janeiro.

Enquanto a orla carioca registrou, nos últimos 40 anos, crescimento vertiginoso, reorientando a expansão da cidade para regiões até então preservadas no seu formato original, a urbanização da Praia do Futuro emperrou logo cedo. Região privilegiada pelo mar e pelas condições da praia e clima, ela tem de negativo a alta taxa de maresia.

Seu processo de habitação foi desencadeado pela iniciativa privada. Os loteamentos promoveram, muito cedo, a ocupação dos espaços reservados às moradias, enquanto o poder público claudicava no controle urbano e na oferta de serviços essenciais como coleta de lixo domiciliar, transporte público, segurança, água tratada e rede de esgoto.

Algumas dessas providências se efetivaram pela própria força de sua ocupação, como as ligações residenciais de água, o transporte urbano e a telefonia, mas a coleta seletiva do lixo ainda representa um problema. O recolhimento, especialmente das avenidas próximas à praia, não é feito em tempo hábil, após os fins de semana e feriados prolongados, poluindo as áreas.

Os espaços projetados para a abertura de avenidas, ruas, travessas, praças e áreas de lazer, diante da falta de controle de seu uso pelo poder público, foram ocupados desordenadamente. Promover a urbanização tardia da área se torna tarefa hercúlea, geradora de conflitos sociais e de desgastes, pelo mercado irregular de compra e venda dos casebres.

Esse mesmo descaso permitiu a proliferação excessiva das barracas. Na ausência de melhores equipamentos públicos, elas ofertam um serviço de conforto aos frequentadores da praia, de modo especial, aos visitantes. A questão maior diz respeito à expansão desmedida das áreas de comercialização e sua desorganização. A solução encontra-se na esfera judicial, cujo litígio discute a legitimidade das ocupações antes concedidas.

O litoral leste, numa faixa de praia de 10 quilômetros, vive o dilema. Nele há um interceptor oceânico da Cagece, mas as barracas não são ligadas a essa rede coletora de esgoto, porque as autoridades não querem que o benefício implique no reconhecimento da legalidade da posse da área. Mas, sem essas ligações, o saneamento da praia fica comprometido. Por outro lado, o risco de desvalorização dos preços dos imóveis inibe muitos lançamentos, porque os terrenos particulares estão sempre ameaçados de invasão e há o clima de insegurança pelos confrontos de gangues.

Por todos esses embaraços, é salutar o projeto lançado pela Prefeitura de Fortaleza para urbanizar a faixa litorânea leste, com obras de padronização das calçadas, de paisagismo, drenagem, sinalização, construção de ciclovia, nova rede elétrica e reformulação do sistema viário no percurso de oito quilômetros. O investimento previsto é de R$ 93,4 milhões está dentro do plano para a Copa do Mundo em 2014.

Há muito, a Praia do Futuro não era contemplada com um projeto de requalificação como este. Até mesmo a última iniciativa, a reformulação da Praça do Futuro, antiga 31 de Março, vem sofrendo procrastinação. O investimento deveria ter sido concluído em novembro passado, mas a obra se arrasta sem prazo definitivo. É hora de acelerá-la

Fonte: [Editorial] Diário do Nordeste

Nenhum comentário:

Postar um comentário